“Isso a que tenho chamado por conveniência de Tao, e que outros poderiam chamar Lei Natural, Moral Tradicional, Primeiros Princípios da Razão Prática ou Primeiros Lugares-comuns, não é um entre uma série de sistemas de valores possíveis. É a única fonte possível de todos os juízos de valor. intuito de refutá-lo e de erigir em seu lugar um novo sistema de valores é em si mesmo contraditório.
Nunca houve, e nunca haverá, um juízo de valor radicalmente novo na história do mundo. Tudo aquilo que pretende ser um novo sistema ou (como se diz agora) uma "ideologia" consiste em fragmentos do próprio Tao, arbitrariamente arrancados de seu contexto e então hipertrofiados até a loucura em seu isolamento, mas devendo ainda ao Tao, e somente a ele, a validade que possuem. Se o meu dever para com meus pais não passa de superstição, então o mesmo vale para meus deveres em relação à posteridade.
Se a justiça é uma superstição, então também o é o meu dever para com o meu país ou para com a minha raça. Se a busca do conhecimento científico é um valor verdadeiro, então também o é a fidelidade conjugal. A rebeldia das novas ideologias contra o Tao é a rebeldia dos galhos contra a árvore: se os rebeldes pudessem vencer, descobririam que destruíam a si próprios. A capacidade da mente humana para inventar novos valores não é maior do que a de imaginar uma nova cor primária, ou, na verdade, a de criar um novo sol e um novo céu no qual ele se mova”.
*Citações do livro 'A abolição do homem' de C. S. Lewis - 1898-1963. Páginas 42 e 43.