Santo Tomás de Aquino, filho do Conde Landulfo e da Condessa Teodora, nasceu, provavelmente, no ano de 1225, no Castelo de Aquino ou no de Rocaseca, na Itália. Em 1230, confiaram seus pais a educação do menino, que contava 5 anos, aos cuidados e à solicitude de seu tio Sinibaldo, Abade de Monte Cassino. Foi ali que, ainda criança, fazia a seus mestres a pergunta em que resumiu a obsessão de toda a sua vida: Quem é Deus? Só para responder a esta tremenda interrogação, viveu, escreveu e ensinou.
A nota característica e distintiva de suas obras é à de parecerem escritas todas na mesma época de sua vida, em pleno vigor e maturidade de suas faculdades mentais, posto que jamais teve necessidade de melhorar o que escreveu e ensinou; donde resulta que não se sabe o que mais admirar, se a riqueza e transcendência das idéias, se a maestria insuperável do plano, ou a sobriedade e precisão da linguagem. Sem dúvida, Deus, tendo em conta a missão, única em seu gênero, a que o destinava, o acumulou de graças e dons de entendimento, com maior profusão que a nenhum outro gênio de quantos deram lustre à ciência cristã.
Em que consiste objetivamente a felicidade do homem?
Num bem superior a ele, e o único capaz de acumulá-lo de perfeições (II, 1-8).
Este bem pode consistir nas riquezas?
Não, Senhor; porque as riquezas são coisa inferior ao homem, e incapazes, por si mesmas, de aperfeiçoá-lo (II, 1).
São as honras?
Também não; porque as honras não dão perfeição, já a supõem, sob pena de serem postiças, e se são postiças nada são (II, 2).
E a glória e a nomeada?
Também não; já porque supõem méritos, já por serem, neste mundo, coisa mui frágil e
volúvel (II, 4).
Consiste no poder?
Não, Senhor; porque o poder não se dá para o bem próprio, senão para o dos outros e está à mercê do capricho e do espírito de insubordinação (II, 4).
Consiste na saúde e na beleza corporal?
Tão pouco; porque a saúde e a beleza são bens inconsistentes e passageiros e, além de tudo, só dão perfeição ao exterior e não ao interior do homem (II, 5).
Serão os prazeres dos sentidos?
Não, Senhor; porque são grosseiros demais, comparados com os gozos delicados da alma (II,6).
Logo, o objeto da felicidade consiste nalgum bem que traz perfeição diretamente ao espírito?
Sim, Senhor (II, 7).
Qual é este bem?
Deus, Sumo Bem, Soberano e Infinito (II, 8).