Daniel Jorge
A poesia faz a gente ver a vida de forma diferente, mesmo enfrentando tudo e todos.
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Fico imaginando o que nos leva a ter tanto medo do novo, se quando olho em volta, o que vejo é uma constante busca por novidade. Deseja-se, a casa nova, móveis novos, o carro e a moto do ano, o novo aparelho celular com todos os recursos possíveis da comunicação; as novas tendências da moda, o corpo perfeito, um novo jeito de relacionamento, tipo “descolado” – onde o termo limite, possui um significado ultrapassado, etc. Estas são apenas algumas das novidades que o ser humano busca continuamente no inicio da segunda década do século XXI.
 
Privar esta geração dessas novidades é provocar uma ruptura cultural e um declínio social, tendo em vista, a necessidade, ou em muitos casos, a dependência em que as pessoas se encontram para com os inventos tecnológicos e o estilo de vida da sociedade “moderna”. Quem não se enquadra no modelo atual é considerado arcaico. Nestes dias em que vivemos, não é estranho adquirir os principais lançamentos do mercado, reproduzir os diversos estilos de vida apresentados nas novelas, filmes e programas de entretenimentos, mas, considera-se estranho, o fato, de alguém ignorar essas tendências ao ponto de ser até “excluído” do circulo social.
 
Fica cada vez mais evidente, o agir inconsciente das pessoas, no sentido de adquirir bens materiais, compor músicas de duplo sentido, produzir vídeos bizarros e até buscar uma formação específica, tudo com um único propósito, ganhar notoriedade social. Nesse tempo, falar de algo que não ofereça condições para a notoriedade social é remar contra a maré. É dar murro em ponta de faca. É, em último caso, assinar a própria carta de deficiência intelectual. Mas, até que ponto a notoriedade é essencial para a vida humana? De que maneira as “novidades” tem ocupado a existência do ser humano, tornando-o notório? Até que ponto, essa busca frenética do Ter e do Ser, pode representar a liberdade tão sonhada e esperada pela humanidade?
 
É impossível ignorar o fato de que houve mudanças positivas, especialmente, no último século. No entanto, também é fato que a maioria das transformações, conduziram as pessoas a um território alienante chamado “sistema”, onde em nome do bem comum, se promovem nas diversas camadas sociais, a promoção dos próprios interesses, tornando homens e mulheres aprisionados a suas escolhas egoístas. Neste cenário, ao discordar da forma em que os "avanços" acontecem, é se autodeclarar “mal agradecido”; um Judas moderno; talvez até um traidor da Pátria. Desta forma, são poucos os que ousam levantar a voz, por uma questão simples, em pouco tempo podem ser anulados do convívio social ou mesmo abatidos.
 
Para refletirmos um pouco sobre o abismo que existe em nossa frente, voltemos a um acontecimento marcante na história da humanidade, para recordar um diálogo ocorrido entre Jesus Cristo e o tentador. Conforme passagem escrita na Bíblia Sagrada, que narra à tentação de Cristo, à primeira investida do tentador contra Jesus, foi justamente por que percebeu que Jesus havia sentido fome. Diz o tentador: “Se tu és Filho de Deus, manda que essas pedras se tornem pães!”, (MT 4,3); Mas, Jesus responde: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”, (MT 4,4). Com uma resposta fundamentada na palavra de Deus, Jesus declara a referência que orienta sua vida e missão. Trazendo para o nosso dia a dia, somente nesta passagem, já é possível perceber o quanto necessitamos de uma referência autêntica. Uma referência que nos leve a sair de nós mesmos e irmos ao encontro do nosso semelhante. Esta referência, encontramos em Jesus Cristo, que é a consumação da própria Palavra de Deus.

Insatisfeito com a primeira investida, o tentador, lança a segunda pergunta com o propósito de obter de Jesus, uma adesão para as coisas imediatas. Para isso, ele coloca Jesus no lugar mais alto templo e diz: “Se tu és Filho de Deus, joga-te para baixo”, (MT 4,6). A resposta de Jesus é curta e precisa: “Não tente o Senhor seu Deus”, (MT 4,7). Conclui-se assim, que ignorar a Palavra de Deus, que é o próprio Cristo, é envolver-se por uma fantasia de que os bons tempos estão ao nosso favor, e que tudo o que temos e somos dependem exclusivamente de nós mesmos, e não da graça de Deus. Essa forma de pensamento, tão evidente em nossos dias, retira nossa capacidade de se deixar seduzir por Cristo, e assim, garantir que a novidade sempre atual do Evangelho possa transformar positivamente nossa vida e o futuro da humanidade.

Por fim, o tentador, conduziu Jesus Cristo, para um monte bem alto, onde todas as coisas se tornaram visíveis e disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”, (MT 4,9). Então, Jesus lhe respondeu: “A Escritura diz: ‘Você adorará ao Senhor seu Deus e somente a Ele servirá’, (MT 4,10)”. Diante da resposta de Jesus, considerando a realidade em que vivemos, surgem alguns questionamentos: Como adorar somente a Deus, se não temos a coragem de levantar a cortina e ver o que existe por trás das pessoas que nos apresentam como modelos? Como servir a Deus, se ignoramos o fato de que existe uma verdade que fundamenta nossa existência humana? Como adorar e servir a Deus, se perdemos a capacidade de nos tornarmos pequenos Cristo em nossa vida cotidiana? A resposta a estas perguntas é o próprio Cristo.
 
Em um tempo, onde o materialismo e o individualismo ofuscam os valores morais e espirituais, exige do homem e da mulher uma tomada de consciência com uma profunda análise do que lhe é realmente indispensável no processo existencial. E isso só vai acontecer se houver uma tomada de atitude que corresponda aos valores cristãos. É preciso ter a atitude de levantar a cortina e se indignar com as más intenções ali existentes. É preciso manter o olhar fixo em Jesus Cristo. Negar isso é dizer amém para o que o mundo oferece. É negar a alegria do evangelho. É negar o próprio Cristo. 
Daniel Jorge
Enviado por Daniel Jorge em 27/10/2014
Alterado em 15/02/2018
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