Desde o inicio dos tempos, à instituição família, formada pelo pai, a mãe e os filhos, determina a evolução social, moral e religiosa na história da humanidade. A ação da família se fundamenta essencialmente, nos valores universais, que possui como princípios o amor reciproco e a fecundidade – capacidade humana de gerar nova vida a partir da união em matrimonio entre homem e mulher. Na Encíclica Apostólica, Familiares Consortio (04), que trata sobre a função da família cristã no mundo atual, o Papa João Paulo II, alerta de maneira contundente, para as diversas investidas imposta “ao homem e a mulher de hoje”, que vive “em sincera e profunda procura de uma resposta aos graves e diários problemas da sua vida matrimonial e familiar”. O Pontífice explica que “são oferecidas visões e propostas sedutoras, que comprometem em medida diversa a verdade e a dignidade da pessoa humana”. O Papa João Paulo II assegura que, isso se torna possível, devido a “potente e capilar organização dos meios de comunicação social, que põem sutilmente em perigo a liberdade e a capacidade de julgar com objetividade”.
MÍDIA E MOVIMENTOS
Dentre as várias propostas oferecidas pela grande mídia, de maneira intensa, no último século, vários movimentos contrários aos princípios da família chamada “tradicional”, se levantaram em vários países do mundo. São grupos que defendem, sobretudo, a união de pessoas do mesmo sexo, onde os princípios, neste caso, se fixam no amor como sinônimo de prazer, e não na capacidade de gerar filhos. No Livro The Gay Nineties, o Dr. Paul Cameron explica que para “assegurar a colaboração de cidadãos comuns, autoridades, instituições e igrejas, mesmo que inconscientemente, com a revolução social que esse movimento iniciou na década de 60 nos Estados Unidos”, e realiza de maneira plena atualmente, algumas estratégias foram estabelecidas por seus lideres. Uma dessas estratégias, segundo o Dr. Paul Cameron, recomenda: “A primeira meta dessa luta é dessensibilizar o público... em relação aos gays e aos seus direitos. Dessensibilizar o público é ajudá‐lo a ver o homossexualismo com naturalidade... se conseguirmos fazer com que pensem que essa prática é normal, sem motivo para preocupação, então nossa luta por direitos sociais e legais estará virtualmente ganha”, Dr. Paul Cameron. The Gay Nineties. Franklin, EUA: Adroit Press, 1993, p. 90.
FAMÍLIA X CRISE
Com a virtual normalidade da união entre pessoas do mesmo sexo, milhares de vozes declaram que a família “tradicional” se encontra em crise, onde possivelmente, nem consiga mais resgatar o seu verdadeiro modelo. Por outro lado, a quem acredite que a crise na família seja resultado de um conjunto de ações, produzidas como disse João Paulo II, de maneira especial, pela grande mídia, que deixa a compressão de que o ser humano deve valorizar mais as coisas que lhe confira menos esforços. Tal afirmação se refere, ao estimulo constante, da busca pelo prazer, ao invés de valorizar os sacrifícios necessários para realização das pequenas e grandes conquistas. Na prática, isso significa que, dedicar tempo para afirmar e reafirmar que a família estar em crise, sem propor soluções coerentes, é sem dúvida uma grande oportunidade, para inserção dos chamados novos “modelos familiares”. Enquanto estas questões são debatidas, a grande massa procura viver o seu dia a dia com base naquilo que considera coerente a sua realidade.
PALAVRAS DO PAPA
Recentemente, por ocasião do 49º Dia Mundial das Comunicações, o Papa Francisco lançou uma mensagem direcionada a Igreja e aos comunicadores do mundo inteiro, onde convoca a todos a observarem a “dimensão religiosa da comunicação”, que se fundamenta de maneira privilegiada no seio familiar com a concepção do filho no ventre da mãe. Conforme o Papa Francisco, “mesmo depois de termos chegado ao mundo, em certo sentido permanecemos num “ventre”, que é a família”. Um ventre feito de pessoas diferentes, inter-relacionando-se: a família é “o espaço onde se aprende a conviver na diferença”, afirma Francisco. Na mesma mensagem, o Papa Francisco garante que “não existe família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; é preciso aprender a enfrenta-los de forma construtiva”. O Santo Padre afirma ainda que “uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando seu ponto de vista sem negar o dos outros, será uma construtora de diálogo e reconciliação na sociedade”.
PASTORAL FAMILIAR
Para assegurar a formação humana, tornando-a uma construtora de dialogo, a Igreja tem incentivado a criação e instalação da Pastoral Familiar, que possui o dever de: “suscitar nos fiéis um vivo sentido de solidariedade, favorecer uma conduta de vida inspirada no Evangelho e na fé da Igreja, formar as consciências segundo os valores cristãos e não de acordo com os parâmetros da opinião pública, além de estimular para as obras de caridade mútua e para com os outros com um espírito de abertura. Enfim, uma Pastoral que faça das famílias cristãs uma verdadeira fonte de luz e um fermento sadio para as demais”, é o que propõe a Encíclica Apostólica Familiares Consortio no número 72.
LUZES X SOMBRAS
Dom Alfredo Schaffler, Bispo Diocesano de Parnaíba e Referencial da Pastoral Familiar no Regional Nordeste 4 da CNBB, explica que as luzes e sobras que envolvem a estrutura familiar contemporânea, representam uma oportunidade em que os casais podem diferenciar o bem e o mau. “As luzes são representadas por inúmeros casais que no dia a dia são testemunhas vivas de Cristo, e por muitas vezes deixam suas casas e se colocam a serviço dos outros. Isso são luzes, são sinais de esperança, que devemos valorizar e fazer propaganda”. “As sombras: nós vivemos num mundo, onde querem colocar Deus a todo instante para a periferia. E quando se tira Deus do centro, vem logo o vazio, e a pessoa procura preencher esse vazio com ilusões, com a caça aos primeiros lugares, se iludindo com coisas passageiras. Isso, sem dúvida nenhuma é algo que afeta a nossa realidade. O imediatismo, a busca do prazer, a ideia de liberdade ilimitada, onde cada um quer produzir a sua própria verdade, através do relativismo, que desconhece a verdade objetiva dos mandamentos de Deus”, explica.
Conforme Dom Alfredo, o caminho a ser percorrido pelas famílias que buscam as luzes, esta fundamentado na oração, dialogo e o tempo que se deve ter um para o outro. “É necessário promover as coisas boas que existe na relação familiar. Por que a família possui muito mais coisas boas do que negativas. Por isso, temos que começar reconhecendo no outro o sorriso, um olhar atento, quando ele ou ela coloca uma roupa diferente, faz um corte de cabelo. Precisamos agradecer pela refeição que a mulher prepara, pela casa arrumada, pelo cuidado com os filhos. Agradecer ao marido pelo cuidado que ele tem com a casa, por se dedicar a família”, conclui. Para as famílias que vivem em conflitos, Dom Alfredo propõe que se esforcem em descobrir as causas que levam aos desentendimentos. “Ás vezes tem pessoas que olham para o outro com olhar de urubu. Porque conhece o outro pelos defeitos e não pelas qualidades. Nesse caso, precisamos mudar a cor dos nossos óculos, para olhar para a pessoa sobre outro aspecto. Temos que deixar o passado para o passado, viver o presente com entusiasmo e olhar para o futuro com confiança”, afirma Dom Alfredo Schaffler. Com essas motivações, é possível concluir, que mesmo diante dos vários modelos de “famílias” que existem atualmente, somente um, completa o imaginário e o espírito daqueles que o buscam.
Daniel Jorge
Enviado por Daniel Jorge em 03/07/2015
Alterado em 05/06/2018