Aprendendo a silenciar
Certo dia me dei conta,
De onde tinha ido parar,
Numa escola de silêncio,
Para aprender silenciar.
A professora atenciosa,
Com simpatia me acolheu,
E olhando em meus olhos,
Mim revelou quem era eu.
Aceitei seu argumento,
Caí como jaca madura,
Por nunca ter encontrado,
Numa só pessoa tanta doçura.
Enfim, começou a aula,
E ela se pós a indicar,
As regras de convivência,
Que regem esse lugar.
Tudo em volta era silêncio,
Até no jeito de olhar,
E eu cá me perguntando,
Que horas que vai falar?
Queria ouvir sua voz,
O que passa em seu coração,
Queria saber se na aula,
Existe alguma exceção.
Lá se foi,
Dias, semanas, meses e ano...
E eu calado em meu canto...
Vivendo os meus desencantos.
Pobre alma penada,
Achou de se apaixonar,
Numa aula de silêncio,
Por quem estava a lhe ensinar...
Concentração não faltava,
Interesse também não,
E a danada correspondia,
A minha insinuação...
Tudo parecia certo,
No silêncio do olhar,
E eu ali confiante,
Num via a hora pra comemorar...
Por fim, o curso terminou,
Ufa, agora posso falar,
Vou dizer a professora,
O quanto é bom lhe amar.
Houve abraço, teve beijo,
Houve até declaração,
E um pedido inegável,
‘amor, num me esquece não’.
Acreditei, confiei,
E pela segunda vez caí...
Nos braços da professora,
Pessoa mais doce que conheci...
Algum tempo se passou,
E ela então resolveu,
Silenciar nosso amor,
Fazer de conta que esqueceu...
Como não aprendi a lição,
Quando estive a estudar,
Agora sozinho estou,
Aprendendo a silenciar...
Daniel Jorge
Enviado por Daniel Jorge em 18/07/2016
Alterado em 20/03/2017