Textos
Os ideólogos esquerdistas desenvolveram ao longo da vida, uma espécie de necessidade de terem sempre em vista um inimigo. A este respeito, Roger Scruton assim se expressa: “na busca subsequente pela autenticidade, o esquerdista tem uma necessidade permanente de um inimigo. Seu sistema é de destruição (...). Já que ele não tem valores, a seu pensamento e a sua ação pode ser dada somente uma garantia negativa. Ele deve fortalecer-se ao desmascarar os enganos dos outros”, - (Pág. 56). Scruton acrescenta que “este desmascarar não pode ser feito de forma decisiva. Ele deve ser perpetuamente renovado, para assim preencher o vácuo moral que existe no centro da existência”.
Neste contexto destaca-se Michael Foucault, filósofo social, historiador das ideias e representante da esquerda francesa. Foucault se revela “o mais poderoso e ambicioso daqueles que buscaram desmascarar a burguesia”. De acordo com Roger Scruton, “Foucault é incapaz de encontrar oposição sem imediatamente ascender, sob o impulso de sua energia intelectual, à perspectiva “teórica” superior, da qual a oposição é vista nos termos dos interesses que ela busca”.
E Scruton continua: “o tema que unifica a obra de Foucault é a busca pelas secretas estruturas de poder”. Portanto, afirma Scruton “poder é o que ele deseja desmascarar por trás de toda prática, de toda instituição e da própria linguagem”. Roger Scruton recorda que Foucault “descreveu seu método como uma “arqueologia do saber” e seu objeto como verdade – verdade considerada como o produto do “discurso”, tomando tanto o conteúdo quanto a forma da linguagem na qual é transmitida”, - (Pág. 59).
Partindo da afirmativa de Foucault de que a Revolução Francesa foi uma “rebelião contra o judiciário”, e, portanto, deduzindo que “a natureza de toda revolução é honesta”, Roger Scruton lança uma pergunta inevitável: Mas o que isso significa na prática? Em sua análise Scruton conclui que “isso significa que a criminalidade do ato será tão imprevisível quanto a pena na qual incorre, pois nenhuma lei poderia existir que determinasse o resultado”. E acrescenta:
“Isso significa que toda “justiça” será reduzida a uma “luta” entre facções opostas, no qual, presumivelmente, aquele que fala com a voz do proletariado receberá o prêmio. E a fim de provar que fala com a voz do proletariado, precisa fazer só uma coisa: superar seu oponente. Ao fazê-lo, ele chamará a si mesmo de juiz e santificará sua ação com a ideologia da ‘justiça proletária’”, - (Pág. 72 - 75).
Na parte final de sua análise, Roger Scruton ressalta que “somente a maior ingenuidade sobre a natureza e a história humana, que pode permitir a Foucault acreditar que sua “justiça proletária” é uma forma de justiça, ou que, na luta em busca dela, ele está “libertando a sociedade da ferrugem do poder” (...)”. Assim, explica Scruton, “ele aponta para uma tirania ainda maior que aquela contra a qual ele luta”. E conclui: “parece-me que as ingenuidades politicas de Foucault são um resultado direto de uma falsa ideia de “essência”, de acordo com a qual a essência das coisas humanas nunca reside na superfície, mas sempre nas profundidades “escondidas”. A busca por esta “profundidade” é, de fato, a maior superficialidade”, - (Pág. 73 - 74).
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Daniel Jorge
Enviado por Daniel Jorge em 03/07/2018
Alterado em 12/07/2018
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