Houve um tempo por aqui,

Que pouco careca existia,

Mas, os poucos que aqui tinham,

Muito pouco apareciam.

De uns tempos desses pra cá,

Surgiram tantas carecas,

Que não dá nem pra contar,

Os que faltam cabelos na testa.

Uns vivem contentes,

Não querem se lamentar,

Outros ficam resmungando,

Aqui, alí, acolá.

Reclamam com a natureza,

Põe a culpa no estresse,

Dizem estar insatisfeitos,

Com o cabelo que não cresce.

Usam boné para esconder,

A ausência do cabelo,

Que insiste em não nascer,

Para tristeza do cabeleireiro.

Sem cabelo,

Sem trabalho pra essa categoria,

Que espera o dia inteiro pela sua freguesia,

Na certeza de garantir o pão de cada dia.

Pelo que tenho observado,

O cabeleireiro precisa se acostumar,

Com a ordem lá de cima,

Que não pode questionar.

Careca é moda,

Está na televisão,

Utilizar outro estilo,

É andar na contra mão.

Ela impõe respeito,

Exala autoridade,

E triste de quem contrariar,

Esta expressão da verdade.

Portanto, se você pensa,

A cabeleira aumentar,

Fique esperto, não diga nada,

Evite se complicar.

Siga a tendência, o que diz na televisão,

E viverá em paz como bom cidadão,

Do contrário, pode ser acusado,

De ter traído a pátria e a sua nação.